Continuando com a ditabranda...

Estou aqui voltando nesse tema, a repercussão está sendo tremenda. Nessas horas fico até mais aliviado ao ver que quase ninguém vem por essas bandas, pois logo estaria cheio de comentários raivosos contra a minha pessoa. Mas vou correr o risco de falar mais um pouco sobre a tal "ditabranda", basicamente comentar algumas das respostas dadas por outras pessoas em blogs mais movimentados onde o assunto está correndo, bem como acrescentar mais alguns pontos que julgo importantes. 

Honestamente, eu acho muito cínica a postura dessas pessoas ao insistir em condenar a Folha. Como eu comentei em meu primeiro post, assim como uma minoria de pessoas em outros blogs, a Folha expressou o ditabranda em seu editorial, tratando-se de uma opinião do grupo. Até onde eu sei, o jornal tem esse direito, posso estar enganado mas acho que isso é a tal liberdade de expressão, correto? E essa liberdade também lhe confere o direito de concordar ou discordar dessa opinião. Agora, o que vimos foram várias pessoas, lideradas pelos tais professores Comparato e Benevides, condenarem o jornal, exigindo que ele se desculpasse publicamente pelo comentário tido como uma atrocidade. Não entendo, acho que esses professores devem ser os detentores da verdade, e a palavra deles é incontestável. Será que chegamos ao ponto de que precisaremos nos desculpar por ter uma opinião contrária a alguém? Será que a partir de agora nós teremos que moldar nossas opiniões baseado no que um grupo define como sendo o correto? 

Na minha opinião, isso pra mim é censura, é uma total falta de liberdade de expressão, vinda de "intelectuais" que se dizem defensores da mesma, que definem o que é certo e errado na História da maneira que mais convém aos seus ideais políticos. Acho que no fundo essa turma defende algo como "você tem direito a expressar a sua opinião, desde que ela esteja de acordo com o que penso". Impressionante como tem tantas pessoas reclamando da matéria da Folha e que insistem em ignorar ditaduras muito mais violentas. Será realmente que o autor do editorial errou tanto ao dizer que a ditadura militar brasileira foi mais branda do que outras? 

Sinceramente, se formos colocar na ponta do lápis, no período de 1964 a 1985 houve em torno de 500 vítimas da ditadura, entre mortos e desaparecidos, embora certamente alguém vai falar que esses números são falsos, forjados pelos militares para esconder a matança; mas são os números que existem até que alguém comprove uma estatística diferente. Agora, será que seria errado dizer que foi um ambiente mais brando que a Argentina, durante o regime militar de 76 a 83, onde as vítimas rondaram os 30 mil, ou que Cuba, onde esse número ultrapassa os 100 mil? Isso sem falar na ditadura nazista de Hitler, que só em Auschwitz exterminou mais de um milhão de pessoas, ou o regime totalitário de Stalin que também vitimou milhões. Sob esse ponto de vista, é indiscutível que a ditadura brasileira foi menos sangrenta que muitas outras. 

Antes de me compararem a um cubo de gelo devido à análise fria acima, em nenhum momento estou minimizando a perda de centenas de famílias diante a ditadura militar. Mas é necessário observar que sob uma ótica de número de vítimas o que tivemos aqui no Brasil foi muito menos expressivo do que em outras ditaduras. É indiscutível que para as famílias dessas vítimas o período da ditadura não teve nada de brando, mas pergunto: o que diria a família que durante esses anos de regime militar não sofreu nenhum tipo de violência, mas agora nos anos de democracia e liberdade de expressão viu um de seus entes queridos ser morto por um traficante, sua filha estuprada por um vagabundo ou um de seus familiares ter sido sequestrado e torturado por bandidos? Posso apostar que para essas pessoas período triste seria agora e não as décadas de 60 e 70. Agora, quero ver alguém chegar para essa família e criticá-la por pensar assim, quero ver se vai aparecer algum desses intelectuais dizendo para essa família em luto que o sofrimento que ela está passando é "brando" se comparado ao que passaram as vítimas da ditadura... 

Ainda sobre essa questão, cito outro exemplo: qual a cidade mais violenta, Rio de Janeiro ou São Paulo? Mais uma rivalidade entre as duas metrópoles, certamente cada uma vai querer empurrar o título para a outra. E se chegamos à conclusão, por exemplo, que o Rio de Janeiro é mais violento que São Paulo em função do número de mortes, será que isso estaria desprezando o sofrimento das famílias das vítimas paulistas? Apareceria alguém dizendo que tal comentário é uma injustiça por definir a severidade da violência urbana carioca apenas pelo número de vítimas? Será que os "intelectuais" iriam promover protestos em São Paulo, condenando aquele que disse que a violência paulista é mais branda que a do Rio? Comparações sempre vão existir, principalmente de aspectos que são mensuráveis, como quantidade de vítimas. 

Sinceramente, se todos esses revoltados acham ser incorreta uma comparação desse tipo, então que sejam extintos todos os comparativos, vamos aproveitar a onda da Reforma Ortográfica para excluir palavras como mais, menos, maior e menor de nosso vocabulário, vamos reescrever a matemática e acabar com o "<" e o ">" também, e dessa forma evitar injustiças para com uma das partes em relação à outra. 

Volto a focar os holofotes um pouco mais em Cuba, cujo regime é tão defendido pelos críticos da Folha. É impressionante os absurdos que li na Internet, tem pessoas que achariam muito melhor se tivéssemos tido uma ditadura como a cubana em vez da militar! Outros dizem que em Cuba não existe ditadura e sim uma democracia! Vi até um sujeito mencionando que nessas horas é que devia ter aqui no Brasil uma censura dos meios de comunicação como há em Cuba para impedir "absurdos" como o proferido pela Folha. Curioso como são pessoas que defendem a bandeira da liberdade de expressão, embora condenem o editorial da Folha, não permitindo que ela expresse a sua opinião, e que lutam pelos Direitos Humanos, tão "respeitados" em Cuba... Me lembro certa vez na faculdade de uma professora defendendo a ilha, dizendo que tinha viajado para lá e que era uma maravilha, muito melhor que "aquela porcaria dos Estados Unidos", segundo palavras dela. E um colega nosso ergueu o braço e perguntou "Ô professora... Se Cuba é tão bom assim, por que tem um monte de gente querendo fugir daquela merda lá pros EUA?". 

Só pra citar um caso recente exposto na mídia, veja aqueles boxeadores cubanos, que fugiram para os EUA. Por que eles fugiriam, se lá é tão bom, a ponto de que eles foram impedidos de praticar o boxe depois da primeira tentativa de fuga? Lá em Cuba, paraíso socialista do século XXI, a vida é boa para uma minoria, vai ver como que está sobrevivendo o povo. E é interessante como um argumento bastante usado por muitas pessoas é dizer que a ditadura cubana não é a questão, que está se falando da ditadura brasileira. Falam como se fossem coisas totalmente distintas, o que discordo completamente. Em primeiro lugar, retomo aos argumentos que lancei abaixo, pois ambas foram ditaduras, ou melhor, lá em Cuba ainda é. Repito a todos esses revoltados, principalmente aos professores, assumidos defensores do regime cubano, se vocês condenam a ditadura como regime, devem condenar todas! E se condenam apenas o que tivemos aqui e fecham os olhos para o que aconteceu (e acontece) em outros países, isso é uma hipocrisia sem tamanho! 

Em segundo lugar, não podemos ter uma postura isolacionista e ignorar o que acontece no restante no mundo, ao contrário do que pensam certos "engajados" que dizem que o que importa apenas são os fatos que ocorrem no Brasil. O mundo está cheio de bons exemplos a serem seguidos e maus exemplos a nunca serem repetidos. É curioso observar como essa postura de esquecer o que acontece fora de nossas fronteiras só ocorre quando alguém decide falar mal de países com os quais esses "intelectuais" têm simpatia, como Cuba, Venezuela e China; mas quando são os EUA bombardeando o Iraque, essas mesmas pessoas mudam completamente a sua forma de pensar, nessa hora de criticar o Tio Sam os acontecimentos do exterior se tornam tão importantes que até se esqueceriam da ditabranda... 

E em terceiro lugar, não há dúvidas de que a Revolução Cubana sempre foi o exemplo seguido por aqueles que combateram a ditadura, logo dizer que Cuba não tem nada a ver com o período de regime militar brasileiro é uma tolice. Ou vai me dizer que os militantes que lutaram contra a ditadura (e que hoje dão aula na USP ou estão no governo), além de se vestirem de vermelho e ostentarem bandeiras com o martelo e o foice, não tinham um pôster do Che Guevara no quarto? Aposto inclusive que muitos ainda o têm... E isso, juntamente com comentários como "ah, seria melhor se tivéssemos um ditador como Fidel do que aqueles militares malditos" só comprova o desejo imenso desses revoltosos em derrubar os milicos e instaurar uma ditadura de esquerda por aqui naquela época. 

Seguindo com essa linha de raciocínio, é sempre importante lembrar que os líderes da ditadura não foram os únicos que promoveram crimes, os militares não foram os únicos a matar e torturar. Os revolucionários que lutaram contra o regime não foram santos, eles também fizeram das suas, promovendo sequestros, roubos e mortes. Vi alguém comentando em um blog que os líderes da ditadura nunca foram atingidos, que quem morria eram apenas os "soldados rasos" que não estavam bem preparados e tomavam tiros e bombas na cabeça. E de quem é a culpa da morte desses soldados? Tenho certeza que os "donos da verdade" vão dizer que os culpados são os generais que comandavam a ditadura, mas e o terrorista que puxou o gatilho? Como se espera, as responsabilidades da ditadura são colocadas nas costas apenas dos militares, enquanto que os militantes que enfrentaram a ditadura são tidos como inocentes. Uma vez mais, insisto que essa é a palavra que descreve os revolucionários da ditadura que pegaram nas armas e cometeram crimes, são bandidos, terroristas e malfeitores. E não tem essa de dizer que os fins justificam os meios, tá cheio de pessoas tendo verdadeiras diarréias verbais ao defender a luta armada contra regimes ditatoriais e totalitários. Sendo assim, por que então que essas pessoas não aplaudiram a Guerra do Afeganistão, quando os EUA atacaram o país para derrubar os fdps dos Talibãs? 

Ah, já ia me esquecendo... Rebeldes podem pegar em armas para derrubar ditaduras de direita, mas se for para derrubar uma ditadura de esquerda ou se forem os EUA usando da força, não pode... Pior: muitos desses revoltosos não apenas foram julgados como inocentes, mas como heróis e vítimas! E aparentemente eles "sofreram" tanto que tiveram direito a indenizações astronômicas, pagas pelo governo. A candidata à presidência Dilma Roussef ganhou 20 mil reais por ter sido presa e torturada, o "honestíssimo" José Dirceu levou uma bolada de quase 60 mil por ter sido obrigado a abandonar o país, o José Genoíno levou simplesmente 100 mil reais de indenização por ter ficado preso, a viúva de Carlos Lamarca, militar desertor que cometeu uma série de crimes, muitos com mortes, recebeu uma indenização de 300 mil reais além de uma pensão de 12 mil reais por mês. Exato, muitas dessas "vítimas inocentes" da ditadura ainda recebem pensões vitalícias, entre eles o nosso ilustre presidente, só de pensão são 3 mil por mês, fora a série de outros benefícios. Até o Ziraldo, puta que pariu, ganhou uma indenização recentemente de 1 milhão de reais além de uma pensão mensal de mais de 4 mil! Só porque fez uma charge contra o governo. E ainda ironizou e sacaneou as pessoas que reclamam desses valores absurdos de indenização, bem que ele podia fazer agora uma charge sobre isso, com o Menino Maluquinho nadando em rios de dinheiro e rindo de um amiguinho sujo e maltrapilho vestindo uma camisa com a palavra "Povo" escrita... (ironia on) É gratificante ver o dinheiro de meus impostos ser usado para pagar indenizações para "heróis", premiando atos como roubos, sequestros e mortes, e ainda viver para ver essas mesmas vítimas governarem e roubarem, e uma vez mais saírem inocentes, como a turma do mensalão e dos dólares na cueca (ironia off). Enquanto isso, e os militares que foram vítimas desses terroristas? Pelo que pesquisei, um dos únicos militares vivos, que perdeu uma perna em uma explosão de bomba, ganha sim uma pensão... de 500 reais. 

Além disso, é interessante lembrar que um dos objetivos do governo é rever a Lei da Anistia, em especial para julgar e punir os militares acusados de tortura. Embora eu ache certo que essa anistia aos torturadores seja inválida, eu considero que todos devem ser julgados e punidos, e isso inclui também os militantes que enfrentaram o regime militar com mesma violência e que foram "penalizados" com gordas indenizações. Mas sabemos muito bem que isso não vai acontecer, até porque muitos desses militantes perseguidos pela ditadura agora estão ocupando cargos no governo e eles vão punir a si mesmos? Claro que não. Mais curioso é que um dos defensores do fim da anistia aos militares seja o Ministro da Justiça Tarso Genro, outro militante da época da ditadura, que não viu nenhum problema em anistiar o italiano Cesare Battisti, um de seus camaradas que lutava pelo comunismo na Itália e matou quatro pessoas. Muito "justo"... 

Enfim, vou encerrando por aqui, pois ver toda essa hipocrisia e falsidade vinda de pseudo-intelectuais comunistas me dá nojo. Fico cada vez mais revoltado ao ver como esses esquerdistas, que hoje criticam a Folha de São Paulo pela ditabranda, se dizem defensores do povo, dos Direitos Humanos e da liberdade de expressão, mas no fundo são grandes hipócritas egoístas que pensam apenas em seus próprios umbigos, ignoram o desrespeito dos direitos mais fundamentais por parte de criminosos que compartilham da mesma posição política e que combatem e censuram aqueles que têm opiniões diferentes das suas.

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