Phantasy Star III

Sempre fui muito fã de jogos de RPG, e embora tenha começado com os nostálgicos livrinhos do Aventuras Fantásticas, logo a diversão de fantasia viria a chegar também aos videogames. Mas eu só viria a me interessar por esses jogos quando fiquei um pouco mais velho, não só por serem jogos que exigem mais de raciocínio e estratégia, mas também pelo fato de todos eles serem em inglês, e só viria a desfrutá-los quando começasse a compreendê-los. São muitos jogos desse tipo que me agradam. Mais recentemente tenho jogado bastante o original Granado Espada, e alguns anos atrás mergulhei na fantástica história de Final Fantasy VIII. Mas existe um RPG mais antigo, sem todos esses recursos gráficos, que até hoje me agrada: Phantasy Star III.


A série Phantasy Star surgiu para os consoles da Sega, e teve ao todo 5 jogos principais, sendo o primeiro deles para o antigo Master System, os três seguintes para o Mega Drive e o último para o Dreamcast, embora este viria a ser trazido para outros consoles. Pessoalmente, apenas "zerei" os episódios III e IV, com os demais sempre comecei mas acabei desistindo no meio do caminho. Deixando de fora o último deles (que mudou radicalmente o estilo, para se tornar um jogo online), justamente o meu preferido é tido por muitos como a "ovelha negra" da série, e não é incomum encontrar muitas pessoas que pisam em cima do Phantasy Star III, dizendo que é sem graça e não tem a ver com os demais. Por isso, para fazer justiça a esse jogo simpático e original, venho aqui falar um pouco dele.

Ah, já adianto que vou falar de vários aspectos do jogo, e caberia aqui um Spoiler Warning para avisar o leitor que por ventura venha a jogar este jogo e não queira saber dos segredos. Bom, como é um jogo bem antigo não teria tanto problema, mas lá vai:

Spoiler Warning! Se você não quiser saber segredos do jogo, PARE de ler agora!

Voltando à programação normal, de fato, ao contrário dos jogos predecessores, Phantasy Star III (que passarei a chamar de PS3 para facilitar) deixa de lado um pouco o clima futurista e leva para um ambiente mais medieval. Resumindo bem a história, você comanda um grupo de heróis ao longo de diversas localidades, para no final combater um grande inimigo (o tal Dark Force, presente em todos os jogos da série). Até aí nada demais... Mas o grande barato é que você usa ao longo do jogo três gerações de uma família real, comandando um príncipe e com a possibilidade de ao longo do jogo escolher por onde seguir, ao escolher com que princesa você vai se casar.

Antes de começar, vale a pena falar um pouquinho da história... 1000 anos atrás uma grande guerra estava ocorrendo entre dois grupos de humanos: os seguidores de Orakio e os de Laya. Embora estivessem em guerra, ambos os líderes criaram leis que diziam que não se podia matar humanos, e para lutar eles adotaram algumas armas: os Orakians construíram robôs e andróides, e os Layans geraram monstros. Mas no final, Orakio e Laya perceberam que estavam sendo usados como marionetes por um grande mal, e com isso eles juntaram forças e venceram o tal do Dark Force, que prometeu que voltaria 1000 anos depois. No início do jogo, você comanda Rhys, descendente direto de Orakio, que está prestes a se casar com Maia, uma mulher que apareceu nas margens do rio que cercava sua cidade. Mas um enorme dragão, se dizendo um dos Layans, a leva embora, e assim começa a busca.

No começo não há como mudar, e você personifica Rhys na busca por sua amada. Enfrentando mostros de todos os tipos, ele acaba encontrando vários personagens para ajudá-lo, formando assim um time. Essa estrutura de equipe se mantém, seguindo a mesma fórmula: o personagem principal sempre é o príncipe, e há dois personagens que você vem a encontrar ao longo do jogo e outros dois que uma vez sejam encontrados, permanecem em sua equipe por todas as gerações: os andróides Mieu e Wren.

Mieu é uma andróide feminina (como se pudesse existir sexo de robôs...), mas construída para ser bem bonita mesmo. Ela é um modelo de combate de curta-distância, armada com garras que saem de seus pulsos (alguém mais se lembrou do Wolverine?). Além disso, é dotada de técnicas de cura e possui uma característica marcante: embora seja uma máquina, ela foi construída com o intuito de interagir com humanos, e é capaz de desenvolver emoções. Wren, por sua vez, faz o estilo Terminator. Sem emoções, é uma máquina de combate com armas de fogo, além de ter a capacidade de operar uma série de equipamentos. Além disso, é dotado de uma capacidade Transformer, podendo virar um jato ou um submarino.

Até que a Mieu é gatinha...

O ponto interessante é que, depois de enfrentar o rei inimigo e salvar a princesa, você pode fazer a escolha de Rhys sobre com quem ele se casará, e isso afeta o andamento do jogo. Se você fizer ele mudar de idéia para se casar com Lena, princesa de uma cidade vizinha que o acompanha em suas aventuras, nascerá Nial. Como o pai, ele não possui magias mas é um grande espadachim. Porém, se você fizer ele se casar com Maia, nascerá Ayn, que será meio-Orakian e meio-Layan: não é um lutador tão bom como Nial, mas possui magias.

Na segunda geração, cada um dos princípes possui uma história distinta: Nial deve encontrar a fonte de uma série de monstros e acaba lutando contra Lune, um Layan enfezado que estava adormecido por 1000 anos e quer continuar a guerra. Por sua vez, com Ayn a meta será combater robôs que estão destruindo todas as cidades aliadas, comandados pelo robô Siren, que também estava em modo Hibernate por 1000 anos. Embora sejam enredos sutilmente diferentes, em ambos o príncipe deve chegar a uma das duas luas ao redor de seu planeta (que logo ele descobre ser uma nave espacial) para enfrentar ex-aliados dos antigos heróis.

Por fim, começa a terceira geração, e esta apresenta quatro possibilidades, embora elas sejam pouco diferentes. Da parte de Nial, ele pode casar com a irmã de Lune, Alair, ou com a irmã de Laya, que também se chama Laya. No primeiro caso nasce Aron, e no segundo nascem os gêmeos Adan e Gwyn. Os filhos de Nial são ambos 50% Orakian e 50% Layan, e já começam sua aventura com uma outra integrante na equipe também: no caso de Aron, ele terá a companhia de Kara, filha de Lune (e na verdade sua prima!), e se for Adan você terá a disposição sua irmã gêmea Gwyn. Por outro lado, Ayn pode também escolher entre duas princesas, e aí os resultados são bem interessantes: se ele casar com Sari, nasce Crys, que é 75% Orakian, ou seja, mais eficiente no combate e com algumas poucas magias; se ele se casar com Thea, nasce Sean, e ele é 75% Layan, dotado de muitas técnicas.

A árvore da família

Apesar de sutis diferenças, todos os príncipes da 3a geração tem histórias mais ou menos parecidas, onde eles devem localizar 5 armas lendárias e usá-las para derrotar o Dark Force, monstrengo final do jogo. Os finais também apresentavam poucas diferenças: alguma coisa acontecia com a nave-planeta do jogo, em um dos finais (o de Aron), ela chegava até a voltar no tempo e aparecer ao lado da Terra.

Claro que nem tudo são flores, e uma coisa que se destaca negativamente em PS3 são os inimigos... Embora o jogo tenha um grande enredo e vários personagens, os monstros que aparecem beiram o ridículo! Veja na foto abaixo algumas das criaturas bizarras, nesse ponto vou concordar com os críticos, bem que os combates podiam ser um pouco melhores, indo desde aos robôs com as placas de trânsito e chegando até o lobo-morcego de três patas e de cabeça para baixo. O pior são as animações de ataque: o gigante azul simplesmente levanta o dedo (não, não o médio), o cíclope flexiona os peitorais... Mas nada pior que o cabeção, que balança as orelhas! Ridiculamente estúpido. Além disso, nos combates apenas os monstros são vistos, você não vê os heróis atacando, como acontece em Phantasy Star II e IV.

Um verdadeiro show de horrores com os monstros

Mas eu diria que os problemas páram por aí. Em comparação aos demais jogos da série, PS3 tem um estilo mais realista, os personagens, embora tenham todos os traços de animes japoneses, são mais normais, sem a aparência de desenho animado. Os mapas são bem bolados, apesar de na verdade os personagens estarem em uma nave composta por 7 biosferas, o ambiente é bem normal, nada de cidades futuristas e paisagens alienígenas. Sem falar que a idéia de poder escolher uma princesa para se casar é genial, dando mais replay-value ao tentar jogar com outro príncipe.

Enfim, PS3 é um jogo simpático, com uma grande variedade de personagens e uma história bem original. Sei que a maioria das pessoas condena e critica esse jogo, mas nunca fui de "ir com a maré" e mantenho esse capítulo de Phantasy Star como o meu favorito e uma posição de respeito na lista dos melhores RPGs que já joguei.

Comentários

Olha aí mais um fã de Phantasy Star! Você já conhece a Gazeta de Algol?
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Também adoro PS3. Mas o monstro placa de trânsito é dose, eu sempre cito esse quando quero dizer para os amigos como os monstros de PS3 são estranhos.