Hit The Bitch

Nos últimos dias uma ONG dinamarquesa lançou uma campanha na internet, a príncipio contra a violência contra as mulheres, em especial destinada a adolescentes. Digo a princípio pois a idéia que os caras tiveram foi de criar um site com o sugestivo nome de Hit the Bitch, com um "joguinho" em flash bem controverso...


Após escolher se você vai usar o mouse ou uma webcam, aparece a garota acima, e que começa a falar algumas coisas em dinamarquês, supostamente o xingando e mostrando pra você o dedo médio. Então, o que fazer? Movendo o mouse você pode simplesmente meter um tapa na cara da garota, sem dó nem piedade!

A cada porrada, um medidor no alto da tela vai saindo da posição pussy para gangsta, algo como indo de um viado mariquinhas para um machão de primeira...

... sem falar que a pobre garota vai ficando cada vez mais machucada, com hematomas e ferimentos no rosto.


Quando o contador chega a 100% gangsta, a moça desaba, e o "jogo" termina.


Por fim a mensagem de moral aparece, com o programa dizendo que você é 100% idiota, mostrando a pobre menina caída no chão chorando, juntamente com mensagens que (acredito eu) devem falar contra a violência...

Apenas como curiosidade nórdica, em um primeiro momento pensei que a frase "gør noget" significasse uma chamada mais severa como "seu cretino", mas a tradução real seria algo como "faça alguma coisa", contra a violência imagino.

Como era de se esperar, uma grande repercussão surgiu ao redor desse "jogo", a ponto de que hoje apenas os dinarmaqueses podem acessar a página. Caso a sua curiosidade em ver esse flash seja tão grande, o Hit the Bitch está disponível neste link.

Eu pessoalmente acho que foi uma idéia muito mal executada pela ONG, pois independente de sua postura, você é encorajado a bater na garota. Não existe a opção de não bater nela, algo que este nobre texugo faria independente de o quanto ela xingasse. Pode até dizer que eu seria um boçal, mas não tenho vergonha de admitir que sou um fiel seguidor do ditado "em mulher não se bate nem com uma flor".

Confesso que só consegui "jogar" tal jogo duas vezes: a primeira por curiosidade, e a segunda apenas para capturar as imagens. Em ambas as oportunidades, me senti mal de bater no rosto da menina, e partiu meu coração quando a vi no chão em prantos. Tá, eu sei que não é real, mas mesmo assim bater numa mulher é uma idéia tão revoltante para mim que mesmo virtualmente não me sinto à vontade... Me lembro até que quando era mais jovem, não achava legal bater na Chun Li ou na Cammy no Street Fighter!

Claro que não duvido nada que deve ter muita gente que se divertiu em dar umas porradas na garota, vendo em sites e fóruns há um monte de marmanjos que acham muito engraçado descarregar sua raiva no rosto dela. Acredito que muitos deles são insensíveis desalmados que não se incomodam com a violência dos dias de hoje, fruto de uma sociedade fria e tolerante com criminosos. E claro que deve ter alguns babaquinhas no meio, que acham que tudo na vida é um videogame, e pensam em bater na mulher como jogam Mortal Kombat.

Mas certamente deve ter no meio muitos que são realmente grandes cretinos que acham certo bater em mulheres, não duvido que em pleno século XXI ainda existam trogloditas machistas e covardes que olham para as mulheres como seres inferiores. Afinal, certamente a tal ONG não teria uma iniciativa dessas se houvesse um total respeito pelas mulheres no mundo, se não existissem canalhas estúpidos que sentem prazer em bater em mulher. Esse tipo de homem é que mereceria estar num jogo desses, eu encheria de porrada com gosto.

Acredito que a grande falha dessa iniciativa é que não há outra opção a não ser bater na menina. Seria mais interessante se você pudesse ficar quieto, sem tocar nela, e depois de alguns segundos você receberia uma mensagem de incentivo e apreciação por sua postura de respeito ao sexo feminino (talvez incluindo a garota sorrindo e mandando um beijinho para o jogador).

Apesar de toda a polêmica ao redor do jogo, pelo menos acho positivo que todo esse episódio colocou em evidência a questão da violência contra a mulher, algo que deve ser combatido. Seria muito melhor que essa mensagem pudesse ter sido passada sem o uso da violência, mesmo que virtual, mas talvez seja melhor levantar o assunto de uma forma relativamente cruel do que simplesmente ignorá-lo.

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