Boris Casoy não é o único... Todo mundo tem preconceito

Já tem um tempo que esse assunto explodiu na mídia e consequentemente na Internet, sobre a gafe cometida pelo jornalista Boris Casoy no Jornal da Band. Acabei me sentindo obrigado a comentar um pouco sobre isso, principalmente após ver uma série de reclamações e comentários extremamente agressivos contra ele.

Caso você esteja mais por fora que bunda de índio em relação a esse episódio, um resumo: durante o Jornal da Band do dia 31, em um determinado momento mostraram a imagem de dois garis, desejando um feliz Ano Novo. Acontece que o Boris Casoy fez um comentário e não percebeu que seu microfone estava ligado, e dessa forma todos escutaram suas palavras:

"Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras... O mais baixo da escala do trabalho..."

Foi um escândalo total, muita gente ofendida com o comentário preconceituoso e ofensivo de um dos mais respeitados jornalistas da televisão brasileira. Pegou tão mal que no dia seguinte ele se desculpou ao vivo, mas logicamente que os mais revoltados ainda não esqueceram, e agora temos uma indignação por parte de vários grupos da sociedade, não só dos garis. Claro que já apareceu um advogado (esses víboras não perdem uma oportunidade de ganhar dinheiro) para indiciar o Boris Casoy e a Band por danos morais e crime de preconceito...

Sem dúvida foi uma situação bem desagradável, o Casoy foi bem infeliz de ter feito tal lambança, começando o ano realmente com o pé esquerdo... Não acho correta a atitude dele, mas ao contrário da grande maioria que o está crucificando, eu vou levantar uma questão que parece ter sido esquecida pelos críticos do Boris Casoy: será que ele é o único? Em outras palavras, será que a nossa sociedade é tão maravilhosa a ponto de não existir esse tipo de preconceito?

A primeira coisa que observo é quem são as pessoas que estão pedindo a cabeça do Boris Casoy... Além dos garis, vítimas diretas do seu comentário, vemos que os demais revoltados são os mesmos petralhas, defensores dos Direitos Humanos (dos bandidos) e pessoas ligadas a movimentos sociais como Viva Rio. Como sempre, esses são os primeiros a chiarem quando alguma pessoa humilde ou que faça parte de uma minoria é prejudicada de alguma forma. Ainda mais quando o "agressor" é tido por eles como um membro da elite rica, responsável por todos os problemas do Brasil segundo seus conceitos comunistas.

Pronto, se algum simpatizante do PT ou dos Direitos Humanos chegou até esse parágrafo, já deve estar me xingando, dizendo que sou igual ao Boris Casoy e que sou culpado pelas mazelas sociais de nosso país. Bom, podem pensar isso à vontade, já estou acostumado a ser hostilizado por petelhos que não aceitam quem pense diferente deles. Vamos voltar à programação normal...

Francamente, gostaria de saber se todas as pessoas que hoje estão xingando o Boris Casoy são superiores a ele, se são realmente tão íntegras e corretas. Queria saber se os vermelhos têm toda essa consideração pelos garis, os desafio a irem na rua e darem um abraço fraterno em um lixeiro todo sujo e suado, para mostrar que são pessoas melhores que o Casoy, livres de preconceitos. Ah, fala sério, atire a primeira pedra quem nunca foi um pouquinho preconceituoso com a classe mais humilde. Será que esses críticos do jornalista tratam com dignidade e respeito a faxineira que limpa seus escritórios, o porteiro de seu prédio ou a babá que cuida de seus filhos? Claro que eles vão dizer que tratam essas pessoas com dignidade, mas duvido muito que seja 100% verdade, que eles nunca tenham cometido algum deslize. E tem mais, o Casoy apenas fez um comentário, tem gente por aí que fica apontando o dedo para ele e deve fazer coisa muito pior.

Antes que venham me acusar de ser racista e preconceituoso, eu digo que de certa forma todos nós temos algum tipo de preconceito. Isso faz parte de nossa sociedade, gostem ou não. Imaginar que um carinha é nerd só porque usa óculos, rir de piada de loira ou de português e chamar os moradores de Pelotas de viados é tudo preconceito também, embora ninguém fale nada contra. Ah, e em especial para meus amigos petralhas, anti-americanismo também é preconceito, tirem de suas cabeças vermelhas essa idéia ridícula de que é legal e aceitável odiar os EUA.

E é sempre bom lembrar que o preconceito necessariamente não precisa ser degradante para ser tido como preconceito. Por exemplo, dizer que por ser japonês o sujeito é inteligente ou só porque o cara é negro deve ser um bom jogador de basquete também são formas de preconceito. Vá ver no dicionário, preconceito é justamente fruto de uma generalização originada de crenças e não do conhecimento de fato, um pré-julgamento superficial fundamentado nas opiniões pessoais ou de um grupo social. Desistam, o preconceito sempre vai existir enquanto o ser humano tiver sua opinião, enquanto ele tiver no que acreditar.

O mais fascinante é como existe um monte de falsos moralistas por aí, acusando o Boris Casoy de preconceituoso. O que acontece nesse monte de lama que chamamos de Brasil é que uma grande parcela da sociedade só reconhece o preconceito contra as classes mais humildes e contra as minorias. Se uma pessoa fala mal de um sujeito pobre, de um negro ou de um gari, isso é motivo de revolta, essa pessoa é chamada de racista e preconceituosa, logo aparece um advogadozinho querendo processá-la, há todo um movimento demonizando esse sujeito. Mas se fosse feito um comentário semelhante sobre uma pessoa branca, um morador da Barra ou Zona Sul ou pior ainda, sobre um norte-americano, essas mesmas pessoas que hoje estão criticando o Boris Casoy não iriam falar nada, ficariam quietinhas nos seus cantos, nenhum pio sobre falta de caráter ou preconceito... Tá arriscado de que esses hipócritas venham até a gostar e comemorar. E depois esses putos vêm dizer que são contra o preconceito...

Querem ver um exemplo? Lembram-se de um discurso que o nosso ilustríssimo presidente estava fazendo sobre a crise? Em um dado momento, ele comentou que a crise econômica mundial era culpa de "gente branca de olhos azuis". Aí pergunto onde é que estão os moralistas e defensores dos bons costumes, para condenar o comentário preconceituoso do Lula? Ninguém falou pôrra nenhuma, parece então que esses hipócritas cretinos ou concordam com o comentário do presidente ou acham que pessoas brancas de olhos azuis não são dignas nenhum tipo de consideração e respeito. Sinceramente, na minha opinião todos os brasileiros brancos de olhos azuis deveriam levantar uma ação por danos morais contra o Lula depois de mais uma dessas diarréias verbais dele... Agora, imagina se o Bush tivesse dito que a culpa da vrise era dos negros e imigrates ilegais...

E digo ainda mais uma coisa: o Casoy tem o direito de ter a opinião dele, se ele não gosta de garis, é problema dele. Uma vez mais repito que duvido que as pessoas que os criticam são melhores do que ele, tenho certeza de que elas também devem ter opiniões não menos preconceituosas sobre esse ou aquele grupo social. A infelicidade dele foi exteriorizar esse comentário e ter o azar dele sair no ar, sendo exposto como o filho da puta daquele deputado de Brasília colocando propina na meia. E o que tem dele ficar fazendo esses comentários quando está fora do ar? De novo, torno a perguntar se as pessoas são tão diferentes assim, é a coisa mais comum do mundo falar mal de alguém pelas costas, embora eu não ache certo e não faça, tenho a consciência de que muita gente é assim. Agora não entendo porque a empregada pode falar mal da patroa para sua amiga quando ela não está, os colegas de trabalho podem falar mal do chefe quando ele está viajando ou os garotos podem xingar a professora na hora do recreio, mas um repórter não pode falar mal dos garis quando está fora das câmeras...

A verdade é que essa corja de revoltados não percebe que está apontando o erro do Boris Casoy com o dedo mais sujo do que cueca de carvoeiro. Esses vagabundos tem que deixar de ser hipócritas e antes de criticar os outros deviam olhar para si mesmos e pensar se realmente têm toda essa consciência social livre de preconceitos que costumam arrotar por aí.

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