Momentos Olímpicos

As Olimpíadas já estão correndo por um pouco mais de uma semana... E como era esperado, vimos vários momentos marcantes. Desde aqueles mais emocionantes, de grande destaque, aos verdadeiros micos e toscos que serão lembrados como os mais ridículos. Muitos causos que ficarão para a História das primeiras Olimpíadas disputadas na América do Sul. E vale a pena comentar sobre alguns deles, sob aquele peculiar ponto de visto que só este texugo tem.


E eu começo sobre a repercussão da primeira medalha dourada que o Brasil conquistou com Rafaela Silva. A judoca foi uma das poucas que mostrou muita determinação nas suas lutas, neste esporte que sempre foi razoável fonte de medalhas para o nosso país e que trouxe ainda mais dois bronzes. Mas, graças às redes sociais e os muitos "politicamente corretos" que ficam por lá, a vitória dela acabou servindo muito mais como pano de fundo para essa turminha enaltecer o fato de que Rafaela é de origem humilde, nasceu na Cidade de Deus. Assim, o papinho desses babacas era de dizer que a favela estava no topo do pódio, superando os riquinhos que não conseguiram nada... Tipo, dizendo que quem vem da "cumunidade" é melhor que aqueles que vêm do asfalto.

Sinceramente... Perdoem o meu palavreado, mas... o que o cú tem a ver com as calças, pombas? Sempre tem que haver esse tipo de postura fundamentada na luta de classes, com o velho pobrismo que tanto enche o saco? Que diferença faz de onde ela veio? Ela estava ali representando o Brasil tanto quanto todos os demais atletas, independente de seu sexo, sua raça, sua orientação sexual, sua cidade de origem. Quer dizer que se ela fosse branca e moradora da Zona Sul, e ganhasse a mesma medalha, esses politicamente corretos não iam achar legal?


Tudo bem que ela pode ter passado por uma vida difícil, realmente vindo de uma comunidade humilde as coisas tendem a ser mais difíceis. Mas, diferente da grande maioria das pessoas desses lugares, que responsabiliza as classes mais ricas por sua condição e que aplaudem políticas assistencialistas, Rafaela mostrou muita dedicação e esforço para chegar onde chegou, sendo necessário destacar inclusive o apoio que ela teve para praticar o esporte após se alistar nas forças armadas (o que a turminha politicamente correta faz questão de esquecer). Algo que muitos atletas brasileiros precisam fazer, independente de suas origens, visto que aqui não há muito incentivo para certos esportes. 

Incentivo, muito exagerado na minha opinião, que os jogadores de futebol recebem.


Eu digo abertamente que estou torcendo contra a seleção masculina de futebol. Torci muito pra Dinamarca eliminar esse timinho muquirana logo na primeira fase, torci também para os colombianos derrubarem esses bostinhas. Fico na torcida agora por Honduras. Ou, quem sabe, teremos algo curioso com uma outra goleada histórica vinda da Alemanha, em uma possível final. Torço contra mesmo, pois o jogador de futebol neste país, em sua grande maioria, é enaltecido aos montes mesmo quando não joga bola, ganha rios de dinheiro e vem com aquele papinho tipo Romário de "treinar pra quê", todos os holofotes da Globo e demais emissoras em cima de qualquer espirro que a seleção faz. Tudo isso enquanto praticamente todas as demais modalidades esportivas passam por dificuldades, sem nenhum tipo de apoio da mídia e da sociedade. Torço contra para que a população largue de mão esses merdas metidos e arrogantes, que cismam que são os melhores do mundo, para dar mais atenção a atletas que dão duro pra tirar leite de pedra.

Veja o exemplo dos Estados Unidos. Lá, os esportistas são profissionais, há um maior incentivo para uma grande variedade de esportes. Desde pequenas as crianças treinam, existem programas que buscam capturar talentos e formar os atletas que no futuro vão disputar as Olimpíadas. Não é à toa que aqui no Rio os Estados Unidos conquistaram a sua milésima medalha de ouro na História dos jogos olímpicos. 

Tudo bem que vinte e poucas dessas medalhas foram graças a um sujeito que não é normal. Como esperado, o nadador Michael Phelps simplesmente destruiu mais uma vez, conquistando cinco medalhas de ouro e uma prata. O cara é simplesmente um mito, nunca na História houve (e dificilmente haverá) alguém tão vitorioso nas Olimpíadas. É inconcebível imaginar alguém que conseguiu 23 medalhas de ouro... Quem teve a oportunidade de vê-lo nadar nestes jogos presenciou algo histórico. Parabéns para o grande fenômeno, que se despede das competições olímpicas para se dedicar à sua família.


Fico só me perguntando se esse grande sucesso não foi graças à estranha e curiosa terapia de ventosas, a qual aparentemente ele foi um dos poucos a usar. Certamente você percebeu que ele vinha nadar cheio dessas bolotas em sua pele, uma técnica de relaxamento muscular que muitos só tomaram conhecimento graças ao nadador americano.

Outro que veio para deixar a sua marca foi o jamaicano boa praça Usain Bolt. Neste último fim de semana já tivemos a prova mais nobre do atletismo, os 100 metros rasos. Falavam que ele não estava em boa forma, que o americano ia vencer. Mas quem disse que um raio não cai três vezes no mesmo lugar? Mesmo com uma largada meio troncha, Bolt fez uso de suas longas pernadas pra disparar no final da prova e conquistar o tricampeonato olímpico, outro feito que dificilmente será batido.


Só posso dizer que o cara é tão foda, que mesmo antes de cruzar a linha de chegada ele já faz pose pra foto, enquanto os outros estão lá quase vomitando seus pulmões.

No atual momento, o Brasil conseguiu alguns resultados surpreendentes. Dentre as medalhas conquistadas, estão uma prata no tiro esportivo, outra na canoagem, algumas modalidades pouco conhecidas. Ainda rolaram duas medalhas de bronze no judô. Outro bronze veio da maratona aquática feminina, com a ajudinha de uma francesa que foi desclassificada por dar uma porrada na outra competidora no final. A ginástica artística masculina surpreendeu positivamente, com duas pratas e um bronze. Parece que dessa vez o Diego Hypolito conseguiu se livrar da urucubaca do mão de pântano...


Deve-se aplaudir também outros dois ouros, conquistados há poucos dias. Um no salto com vara e outro no boxe. Ainda temos algumas outras grandes possibilidades, incluindo uma dupla de vôlei de praia masculino, que já está na final, sem falar no vôlei feminino que está destruindo.

Mas tivemos algumas decepções também. A seleção feminina de handebol, eliminada precocemente no início da fase final; das duplas femininas de vôlei de praia, uma já dançou e outra provavelmente deve cair, pois enfrenta a campeã americana; Fabiana Murer, no salto com vara, que tinha grandes chances depois da Isinbayeva ter sido vetada, juntamente com todo time de atletismo russo, não conseguiu se classificar; e a seleção feminina de futebol, mesmo depois de mostrar muita garra e jogar melhor que os marmanjos, vai disputar o bronze após ser vencida nos pênaltis pela Suécia.

Devemos destacar alguns outros grandes fenômenos desta competição, mesmo não sendo brasileiros. Por exemplo, a nadadora Kate Ledecki, dos Estados Unidos, que faturou vários ouros e bateu vários recordes. Uma que está caminhando para seguir os passos de Michael Phelps. Curioso como há alguns anos ela, pequenininha, conheceu o mito, que nestas Olimpíadas repetiu o gesto, como mostrou o 9gag


Muito legal essas fotos.

Outra que marcou essa competição foi a ginasta norte-americana Simone Biles. Também não economizou nos ouros, apresentando saltos perfeitos que desafiaram a gravidade. E também trazendo um grande carisma, mesmo não sendo uma competidora brasileira, o público a aplaudiu muito.


Aliás, aproveito esse momento em que falei de aplausos, para comentar a respeito do público brasileiro em geral. Os aplausos para Simone Biles foram talvez uma das raras ocasiões onde os brasileiros demonstraram um mínimo de educação e respeito pelos competidores estrangeiros. Pois em geral, as pessoas estão indo para as arenas e estádios com uma postura extremamente agressiva de odiar os atletas de certos países, principalmente quando competem contra aqueles do Brasil. E não estou falando apenas da já manjada rivalidade Brasil e Argentina, mas contra qualquer um. Principalmente norte-americanos, com vaias puxadas por aqueles babaquinhas anti-americanos que odeiam os Estados Unidos porque é "da hora", mas não largam seus iPhones e adoram McDonald's.

E essa postura agressiva chega a ponto de enxergar os adversários dos atletas brasileiros como inimigos. Gritos como "Uh, vai morrer" nas lutas de boxe, ou zoações com o vírus Zika para atletas norte-americanas, como a goleira Hope Solo, que fez uma foto onde se protegia exageradamente contra os mosquitos. Uma vergonha... Isso veio desde a época da Copa, me lembro daquele jogo contra o Chile em que o hino deles foi vaiado a plenos pulmões pela torcida. Uma verdadeira conduta anti-esportiva e xenófoba, não reconhecendo ali o valor de tantos atletas que estão dando duro, tentando ultrapassar seus limites. Chegando muitas vezes a incomodar em certos esportes, onde o público, idiota como sempre, fazia de tudo para atrapalhar os competidores.


O atleta francês que competiu no salto com vara e ficou com a prata não poderia ter descrito melhor: um verdadeiro público de merda, como ele disse nessa entrevista

Vamos ver como serão os próximos dias. As Olimpíadas estão acabando, apesar de todos os incômodos na cidade, e de saber que depois vamos ter que voltar a encarar nossa dura realidade, pelo menos por duas semanas dá para aproveitar o que há de melhor em termos de esporte mundial. Vou ficando por aqui, ou não conseguirei terminar esse post no meio dos Jogos.

Comentários